Como vou morrer, pergunta à bruxa.
A bruxa lê o destino do homem em dígitos de plástico retirados de algum teclado do iníc2io do século XXI. O primeiro lance, que é o mais aberto, indica as palavras “vim” e “rua”.
- Ele diz que não é coisa pessoal. Tua morte vai vim da rua. O que for não vai ter a ver com a tua família.
O segundo lance revela dois termos em inglês: “rec” e “few”. O que é isso, pergunta o homem.
- É “gravação” e... “menos”. Não, menos não, “algum”. Em inglês, “few” é algum.
A bruxa acende novamente a ponta de haxixe. Dá uma baforada. Prende. Solta.
- Alguma gravação. É isso o que diz.
- Humm. Entendi. O que mais?
A bruxa recolhe novamente os dígitos, chacoalha, fecha os olhos e atira sobre o tabuleiro de vime.
- E, Q, U, C... “que”... céu”.
- Que céu?
- Isso.
- Humm.
- Diz que tem a ver com as ideia. O que vai por cima da cabeça. É coisa de pensamento. Tu vai morrer por conta de alguma gravação que tu publicar. É isso o que voz do teclado me diz. A bruxa começou a recolher o material de trabalho.
- Tá certo. Quanto é?
- Três. Um por lance.
- Em crédito ou moeda.
- Moeda. Só trabalho com dinheiro físico.
- Toma. Pode ficar com o troco.
- Deus lhe abençoe.
O homem não responde. Levanta-se do banco dentro da barraca improvisada em pleno calçadão central de Nova Desterro. Faz frio e parece que vai chover novamente. Outra tempestade. Um café. Entrou. Duas mulheres conversam. A mais velha tosse muito. Ao avistarem o homem ambas recolocam suas máscaras Sílex P-98.
- Bom dia, o que vai ser?
- O que tem?
- Álcool e água de torneira.
- Álcool, por favor.
- Pra consumir aqui ou pra levar.
- Consumir aqui.
- Pra consumir álcool aqui dentro é mais caro.
- Me dá água, então.
A mulher olha-o com desprezo. Bebe a água salobra.
Começa a chover novamente. Ruma até ao calçadão. Andarilhos e mercadores disputam espaços sobre as marquises. Faz frio. A chuva e o vento cortam o seu rosto. “Previsão de futuro”, lê num neon. A placa pende de uma barraca improvisada. Entra.
Como vou morrer?, perguntou ao feiticeiro.
O feiticeiro leu o destino do homem em dígitos de plástico retirados de algum teclado do início do século. O primeiro lance, que é o mais aberto, indica as palavras “vim” e “rua”.
- Ele diz que não é coisa pessoal. Tua morte vai vim da rua. O que for não vai ter a ver com a tua casa ou família. O segundo lance revela dois termos em inglês: “rec” e “few”.
- O que é isso, pergunta o homem.
- É “gravação” e... é... “menos”. Não, menos não. “Algum”. Em inglês, “few” é algum”.
O feiticeiro acendeu novamente a ponta de haxixe. Deu uma baforada. Prendeu. Soltou.
- Alguma gravação. É isso o que diz.
- Humm. Entendi. O que mais?
O feiticeiro recolheu os dígitos, chacoalhou, fechou os olhos e atirou sobre o tabuleiro de vime.- E, Q, U, C... “Que céu”.
- Que céu? - Isso.
- Humm. - Diz que tem a ver com as ideia. O que vai por cima da cabeça. É coisa de ideia. Tu vai morrer por conta de alguma gravação que tu publicar. É isso o que a voz do teclado me diz.
O feiticeiro começou a recolher o material de trabalho.
- Tá certo. Quanto é?
- Três. Um por lance.
- Em crédito ou moeda.
- Moeda. Só trabalho com dinheiro físico.
- Toma. Pode ficar com o troco.
- Deus lhe abençoe.
O homem não respondeu. Levantou-se do banco dentro da barraca improvisada em pleno calçadão central de Nova Desterro.
Fazia frio e parecia que voltaria a chover. Outra tempestade. Avistou um café. Entrou. Duas mulheres conversavam. A mais velha tossia muito. Ao ver o homem entrar ambas recolocaram suas máscaras AIr-9.6
- Bom dia, o que vai ser?
- O que tem?
- Álcool e água da torneira.
- Álcool, por favor.
- Pra consumir aqui ou pra levar.
- Consumir aqui. - Pra consumir aqui é mais caro.
– Tá bom, me dá assim mesmo. –
A mulher olhou-o com simpatia. Bebeu o álcool. Começou a chover. Rumou até o calçadão. Andarilhos, mercadores disputavam espaços sobre as marquises. Fazia frio. A chuva e o vento cortavam o seu rosto. “Leitura de Sorte e Previsões”, leu numa placa pintada a mão. A placa pendia de uma barraca improvisada.
Entrará. Como vou morrer?, perguntou à bruxa. O feiticeiro lê destino do homem em dígitos de plástico retirados de algum teclado do século XX. O primeiro lance, que é o mais aberto, indicaria as palavras “vim” e “rua”. O segundo lance revelava dois termos em inglês: “rec” e “few”; O médium acendeu novamente a ponta de haxixe. Deu uma baforada. Prendeu. Soltou. A bruxa recolhia novamente os dígitos, chacoalhava, fechava os olhos e atirava sobre o tabuleiro de vime. - E, Q, U, C... Tu vai morrer por conta de alguma gravação que tu publicar. É isso o que a voz me diz. O feiticeiro começou a recolher o material de trabalho. - O homem respondeu à benção. Levantou-se do banco dentro da barraca improvisada em pleno calçadão central de Florianópolis. Faz frio e parece que vai chover. Outra tempestade. Um café. Entrou. Duas mulheres conversavam. A mais velha tossia muito. Ao ver o homem entrar ambas recolocam suas máscaras. A mulher olhou-o com desejo. Bebeu água salobra com açúcar. Começou a chover. Rumou até o calçadão. Andarilhos, mercadores. Faz frio. A chuva e o vento cortam o seu rosto; “Leitura de futuro”.. A placa pendia de uma barraca improvisada. Entrou.
- Como vou morrer?, pergunta.
O vidente levanta sem dizer nada. Procura sua mochila. Abre o bolso mais externo. Encontra algo.
- Tu me ouviu? Quero uma consulta.
O outro encontra sua pistola. O homem não tem tempo de compreender o que estava acontecendo. Duas balas acertam sua a cabeça. Três ricochetam no calçamento e uma crava a perna de um transeunte.
O vidente senta-se e aguarda as viaturas de vigilância e os dois soldados que, ele sabia, quebrar-lhe-iam dois dentes: um molar e o canino.
A polícia não admite assassinatos em áreas de grande circulação pública.
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